Projeto Nascer vai beneficiar mães com HIV/Aids no Amazonas

A redução ser dará por meio de medidas que incluem o uso de medicamentos durante toda a gravidez, cuidados especiais no momento do parto e acompanhamento sistemático do bebê até os dois anos de idade.

As medidas já são utilizadas pela rede pública do Estado, mas serão implementadas nas maternidades estaduais na capital e chegarão, durante a primeira fase, também a cinco municípios pólo do interior: Tabatinga, Humaitá, Tefé, Manacapuru e Parintins.

No próximo dia 12, diretores e técnicos das unidades que serão envolvidas no Projeto estarão reunidos com a Coordenação Estadual de DST/Aids, na Fundação de Medicina Tropical, para discutir propostas de capacitação das equipes que atuam nas salas de parto e elaboração de um novo fluxo de atendimento às grávidas soropositivas e recém-nascidos expostos ao vírus HIV. Além dos profissionais das maternidades, estarão no encontro representantes dos programas municipais e estadual de DST/Aids, Saúde da Família (PSF), Saúde da Mulher, Criança e Adolescente, Fórum da Sociedade Civil Organizada/Aids e as Sociedades Amazonenses de Pediatria e de Ginecologia e Obstetrícia, e Ministério Público Estadual.

A coordenadora estadual de DST/Aids, Leila Cristina Ferreira, diz que o Estado está procurando sensibilizar os profissionais e entidades envolvidos com a atenção da mulher e da criança para que o Projeto Nascer tenha maior amplitude tanto na capital quanto no interior, evitando ao máximo a transmissão do HIV de mãe para filho. Ela explica que todas as unidades onde o projeto irá funcionar serão identificadas e que o fluxo de atendimento irá facilitar a assistência à gestante desde a primeira consulta de pré-natal até o parto.

Dados nacionais mostram que cerca de 70% a 80% dos filhos de mães soropositivas adquirem o vírus caso não tenham acesso ao diagnóstico precoce e quimioprofilaxia específica. Esta forma de transmissão representou, em 2003, 13,9% do total de novos casos registrados no Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids (SAE) no Amazonas. De acordo com Leila, a diminuição dos índices pode ser alcançada com atenção precoce. “Muitas grávidas não fazem o pré-natal ou não fazem corretamente, o que dificulta o controle e a aplicação de medidas de prevenção”. Segundo a coordenadora algumas mulheres, por não aderirem ao pré-natal, só descobrem que são soropositivas quando a gravidez está avançada. Outras só tomam conhecimento de que estão infectadas no momento do parto, quando é feito o exame para detecção do vírus.

O Projeto Nascer estabelece como norma o encaminhamento de toda gestante com HIV/Aids ao Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids que, em Manaus, funciona na Fundação de Medicina Tropical. O acompanhamento durante a gravidez deve ser feito por médicos infectologistas e pediatras. Durante a gestação a mulher recebe tratamento com antiretrovirais e para o parto, deve ser encaminhada a uma maternidade credenciada no Projeto.

Leila Cristina explica que o nascimento exige atenção especial. “É neste momento que ocorre o maior percentual de transmissão do vírus”. Na hora do são aplicadas doses especiais de medicamentos e logo após, doses de manutenção. O bebê, ao nascer, passa a tomar AZT em forma de xarope e recebe acompanhamento médico e laboratorial, e tratamento preventivo até os dois anos de idade, quando os exames podem confirmar definitivamente se a criança é ou não portadora do HIV.