Remoções são autorizadas pela família

A autorização para a captação de córneas só pode ser dada pela família. Mesmo que o doador deixe algum registro, o que vale legalmente é a autorização dos familiares, que assinam um documento formalizando a doação após o óbito. A diretora do Banco de Olhos, Cristina garrido, explica que para a doação, a família do doador ou a unidade de saúde que prestou atendimento deve entrar em contato com o Banco, que desloca uma equipe para o atendimento e remoção do tecido.

Segundo Cristina, após a coleta, as córneas são analisadas, tratadas e armazenadas em líquido conservante para preservação, por até 14 dias, a quatro graus centígrados. A avaliação das condições para transplantes é feita pela equipe levando em conta edemas, dobras, sinais de infecção ou cirurgia prévia. Dentre as condições para o transplante, está a coleta de sangue do cadáver (doador), para exames de hepatite B e C, e HIV. O resultado positivo para um destes testes é considerado contra-indicação absoluta para o transplante. A escolha do paciente que irá receber a córnea atende aos critérios de prioridade e compatibilidade. O paciente deve estar inscrito na Lista Única de Receptores.

A equipe de profissionais do Banco é formada por dois médicos oftalmologistas e sete técnicos, coordenados pela oftalmologista Cristina Garrido, doutora em Oftalmologia, pela Escola Paulista de Medicina. O funcionamento da unidade será 24 horas, para atender dentro do prazo – até seis horas após o falecimento – às solicitações dos familiares para doação de olhos.

Em Manaus, quatro clínicas e oito oftalmologistas já estão credenciados pelo Ministério da Saúde para a realização do transplante de córnea pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por atendimento particular.

Informações Complementares

O que é a córnea?
É a superfície transparente que fica na parte da frente do olho. Por causa de doenças adquiridas, por ferimentos ou por defeitos de nascimento, a córnea fica “nublada”, provocando a perda total ou parcial da visão. A recuperação pode ser feita com o transplante.

Como é feita a doação?
Até seis horas após o falecimento, a equipe do Banco de Olhos pode remover as córneas, se a família concordar.

Que partes do olho podem ser transplantadas?
Além da córnea, a esclera (parte branca). As outras partes podem ser utilizadas em pesquisas científicas, para novas descobertas.

A aparência muda após a doação?
Não. Os procedimentos para a remoção das córneas não modificam a aparência do doador. Os profissionais do Banco estão capacitados para evitar deformações após a doação.

Que documentos são necessários?
A atual legislação diz que todas as pessoas são doadoras em potencial. Por isso, não é necessário nenhum documento anterior. Quem decide pela doação é a família. Apenas após a decisão, os familiares assinam uma autorização.

Quem pode ser doador?
Qualquer pessoa, independente da idade. Nem mesmo o uso de óculos impede a possibilidade da doação.

O que acontece com as córneas doadas?
Depois de avaliadas e preservadas por até 14 dias, elas são doadas para um paciente que está precisando de um transplante. A escolha do receptor é feita pela ordem de prioridade e compatibilidade, seguindo Lista Única de Receptores. A inscrição na Lista é feita pelo médico que acompanha o paciente (receptor).

O que é o transplante?
É uma cirurgia para substituição da córnea doente pela nova córnea (doada). A fixação da nova córnea é feita com um fio muito fino e com a ajuda de um microscópio cirúrgico.

Como é garantida a qualidade das córneas doadas?
O Banco de Olhos utiliza materiais, equipamentos e procedimentos seguros, de acordo com as normas nacionais e internacionais de qualidade. Além disso, uma amostra do sangue do doador é testada para doenças transmissíveis – Hepatite B, C e HIV.