Santa Júlia inicia cirurgias cardíacas

Ontem (16) o Hospital Santa Júlia realizou a primeira cirurgia para correção de cardiopatia congênita no Amazonas. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Susam), a operação deu início à programação de atendimentos que irá beneficiar cerca de 60 pacientes infantis, via contrato firmado entre o Governo do Estado e a unidade hospitalar. A cirurgia foi realizada em um bebê de dois meses, portador de Síndrome de Blalock-Taussig, uma anomalia rara que impede a comunicação arterial entre o pulmão e o coração.

O diretor do Hospital Santa Júlia, Edson Sarkis, informou que a cirurgia durou cerca de três horas e meia e foi conduzida pelos cirurgiões cardíacos Fausto Pina e Eólo Alencar e pelo anestesista Osamo Fujimoto. O bebê operado, que nasceu na maternidade estadual Ana Braga e estava internado no hospital e pronto-socorro infantil João Lúcio, foi transferido na noite de anteontem para o Santa Júlia, onde recebeu os cuidados pré-operatórios. “Foram feitos diversos exames e uma equipe de cerca de 15 profissionais foi envolvida no atendimento do paciente que recebeu um shunt cardio-pulmonar com o objetivo de permitir a comunicação entre a artéria pulmonar e a aorta”, explicou Sarkis. Com o procedimento, o sangue distribuído para o organismo poderá ser oxigenado nos pulmões, o que não ocorria em função da anomalia.

Edson Sarkis informou que o caso do bebê operado é muito grave. “Embora a cirurgia tenha sido realizada com sucesso, é preciso aguardar a recuperação da criança”. Ele explica que os maiores riscos estão no pós-operatório imediato, ou seja, nos primeiros dias após a cirurgia. “Os resultados neste caso podem ser inesperados, mas estamos fazendo tudo o que é possível”. Após a cirurgia a criança foi transferida para a UTI pediátrica do hospital, onde está sendo acompanhada por uma equipe de intensivistas.

Grave – O primeiro bebê operado pela equipe do Santa Júlia seria transferido para tratamento fora de domicílio, mas em função da gravidade do caso, a Susam solicitou que o hospital realizasse o procedimento, antecipando o início das cirurgias cardíacas pediátricas, previstas inicialmente para a próxima semana. Desde o mês passado, quando foi assinado o contrato com o Governo do Estado, no valor de R$ 868 mil para 60 procedimentos do tipo, as equipes do hospital estão avaliando clínica e laboratorialmente as crianças portadoras de cardiopatia congênita, inscritas no programa TFD e que precisam de atendimento mais imediato. Atualmente existem cerca de 50 pacientes entre zero e 12 anos que precisariam viajar para ser submetidos à cirurgia de coração.

As cirurgias cardíacas pediátricas, segundo Edson Sarkis, são os procedimentos mais complexos e de maior risco na área cirúrgica. Os custos são cerca de 150% maiores que os das cirurgias em adultos e os índices de mortalidade são altos. Ele destaca que em cardiopatia congênita a única alternativa é a cirurgia, mas é importante esclarecer que os riscos existem e são bastante elevados dependendo da complexidade do caso.