Saúde nutricional é discutida no Amazonas

O Governo do Amazonas, por meio das Secretarias de Estado da Saúde (Susam) e Educação (Seduc), realizou o primeiro seminário estadual para a promoção da saúde nutricional dos estudantes da rede pública do Amazonas. O evento aconteceu nos últimos dias 23 e 24, no auditório da reitoria da UEA , reunindo secretários de Educação dos municípios amazonenses e gestores de escolas públicas municipais e estaduais. O objetivo foi esclarecer e sensibilizar os profissionais da educação para que incentivem os alunos a adotar práticas e hábitos alimentares que promovam a saúde e reduzam a ocorrência de doenças associadas à carência nutricional.

De acordo com a coordenadora Estadual de Alimentação e Nutrição, Ester Mourão, o seminário esteve focado nas diretrizes da Política Nacional da área e deve ser o ponto de partida para uma série de mudanças relacionadas à alimentação de crianças e jovens em fase escolar. O trabalho tem o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome que está incentivando estratégias estaduais e municipais para o controle de doenças relacionadas à alimentação inadequada, como desnutrição, obesidade, diabetes e hipertensão.

O principal palestrante do seminário foi o pediatra Augusto Tadei, da Escola Paulista de Medicina. Ele apresentaou dois projetos para a promoção da saúde do escolar, além de dados nutricionais referentes à população brasileira.

Dados do Ministério da Saúde mostram que dentre os principais problemas detectados entre estudantes da rede pública brasileira estão a anemia ferropriva, o déficit de crescimento, o baixo peso e a obesidade. “Os problemas de saúde decorrentes da nutrição inadequada se refletem na vida adulta e trazem prejuízos para o próprio indivíduo e para sociedade como um todo”, diz Ester Mourão, destacando a importância de prevenir esses agravos a partir dos cinco anos de idade.

A Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada pelo IBGE, no período 2002-2003, apontam, no Amazonas, uma prevalência de excesso de peso entre os que têm 20 anos ou mais, sendo que no sexo masculino a prevalência é de 40% e no feminino, de 29,6%”. Segundo Ester, a obesidade preocupa mais que a desnutrição, prevalente em apenas 2% da população. “O sobrepeso vai gerar doenças como diabetes e hipertensão, gerando maiores riscos para o paciente e custos mais elevados para o sistema de saúde”.

Ela diz que uma das causas da obesidade é o consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras e açúcar, como os biscoitos, os salgados, os pães e o refrigerante, que predominam nos cardápios das cantinas escolares. “A solução é sensibilizar os alunos, com informações passadas nas salas de aula, para que ele faça uma escolha inteligente”, defende. Segundo ela, não adianta a cantina simplesmente oferecer alimentos saudáveis. “É preciso que os alunos optem por eles, mas isso só vai acontecer se eles estiverem bem informados e neste ponto a abordagem do professor é fundamental”. No Amazonas, segundo ela, muitos alimentos são ricos em nutrientes e precisam ser mais consumidos pela população. É o caso de frutas regionais como biribá, jambo, ingá, camu-camu, além de manga e goiaba.

Para Ester Mourão o trabalho em relação à qualidade da alimentação na escola será ampliado para o meio doméstico. “O que é incentivado na escola acaba indo para casa. Nossa expectativa é que dentro de algum tempo haja de fato uma mudança para melhor nos hábitos alimentares da população”.