Secretaria vai elaborar plano para evitar cólera no Amazonas

A Secretaria de Estado da Saúde (Susam) vai adotar medidas de bloqueio para evitar a reintrodução da cólera no Amazonas, a partir do município de Tabatinga, onde encontram-se atualmente mais de 600 refugiados haitianos. O Haiti foi afetado por uma epidemia de cólera que, desde outubro do ano passado, já produziu 2,1 mil mortes e 11 mil doentes. Um diagnóstico dos riscos de disseminação da bactéria que causa a doença, será feito por técnicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) que embarcam para Tabatinga na próxima segunda-feira (7).

A preocupação das autoridades de saúde do Amazonas é com as condições de higiene dos locais de refúgio dos haitianos. A maioria deles está instalada em moradias precárias e em locais com deficiência de saneamento básico.

O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, destaca que a transmissão da bactéria Vibrio cholerae, também conhecida como vibrião colérico, ocorre por via fecal-oral e que a falta de infra-estrutura domiciliar adequada e as dificuldades de acesso a água tratada representam risco elevado de contaminação. Nenhum caso de cólera foi registrado entre pessoas que vieram do Haiti ou entre brasileiros que vivem na região de tríplice fronteira (Brasil-Colômbia-Peru), onde está localizado o município de Tabatinga. “As medidas que serão adotadas pela Secretaria são preventivas”, garante.

Os trabalhos de diagnóstico e definição do plano de bloqueio ao cólera serão coordenados pelo diretor presidente da FVS, médico infectologista Bernardino Albuquerque. Ele informa que as ações de controle serão executadas de imediato e devem incluir a intensificação do monitoramento das doenças diarreicas agudas, o uso de hipoclorito de sódio na água consumida pelos moradores, além da implementação de diagnóstico laboratorial visando a identificação da bactéria Vibrio cholerae.

Segundo o diretor os rios, lagos e igarapés podem ser vias importantes para a disseminação da bactéria causadora da cólera. Muitas pessoas no interior do Amazonas, principalmente em comunidades rurais, utilizam essas águas para consumo direto e preparo de alimentos.

Bernardino Albuquerque informa ainda que, de forma complementar, será implantada a vigilância ambiental com a coleta sistemática de água das moradias para detecção do vibrião colérico no meio ambiente.

As ações de prevenção à cólera serão executadas com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Tabatinga. Todos os serviços de saúde do município já foram informados sobre os procedimentos técnicos a serem adotados nas etapas de monitoramento de casos e atendimento de pacientes, caso sejam detectados casos da doença na região. Além das unidades básicas, a rede de assistência à saúde em Tabatinga conta com o Hospital de Guarnição, administrado pelo Exército Brasileiro, e com o Laboratório de Fronteiras.

A cólera causa diarréia e pode levar a uma desidratação grave que, se não tratada, pode causar morte.

O tratamento é feito principalmente com a reposição de líquido, por meio de soro, e com o uso de antibióticos.

De acordo com a Susam o Amazonas viveu uma epidemia de cólera em 1991 e os últimos casos da doença foram registrado no Estado em 1998.
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Andréa Arruda
Francismar Lopes