Susam e MS avaliam Malária no Estado
Representantes das secretarias de saúde da capital e dos 61 municípios do interior do Estado participam até amanhã do Encontro Estadual de Avaliação do Programa de Controle da Malária. No evento estão sendo discutidos os resultados do programa e novas estratégias integradas para a redução de casos da doença em todas as regiões do Estado. De acordo com o Ministério da Saúde, que coordena o encontro em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde e Secretaria de Estado da Saúde, o Amazonas é um dos três estados considerados prioritários no combate à malária, ao lado do Pará e de Rondônia. Os três, juntos, concentram 70% do total de casos da Amazônia Legal. A região, com seus nove estados, registra 99,7% do total dos casos do Brasil.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, no Amazonas a malária tem acompanhado a movimentação migratória e as alterações climáticas que favorecem a reprodução do mosquito transmissor. Ontem, durante a abertura do Encontro Estadual Alecrim disse que não é possível entender a doença sem avaliar o padrão de transmissão que varia de uma localidade para outra. Esses padrões estariam associados principalmente à ocupação desordenada de terras, ao desmatamento e à exploração de recursos da floresta sem o devido cuidado, potencializados pelo fluxo de pessoas e turistas de um local para outro. “Isso significa que cada município precisa seguir a política geral de combate à doença e adotar estratégias focadas em suas especificidades”.
Ele destacou o papel das equipes de endemias municipais e garantiu que a Susam está auxiliando todos os municípios a se certificarem junto ao Ministério da Saúde para o controle de endemias. “Eram apenas 18 e agora são 32 os municípios certificados. A meta é que em 2006 todos os demais, incluindo Manaus, sejam diretamente responsáveis pelas ações de endemias, conforme prevê o SUS”. Segundo ele, o Estado deve ter a partir daí o papel de coordenador das ações e não mais de executor, como ainda ocorre. “Essa dinâmica vai facilitar o controle das doenças e gerar melhores resultados”.
O secretário informou que Manaus, onde estão 48% da população do Estado, concentra atualmente 40% do total de casos de malária. Os outros 60% ocorrem em 32 municípios.
Segundo o diretor presidente da Fundação de Vigilância em Saúde, Evandro Melo, o segundo município de maior incidência é o Careiro Castanho, onde ocorreram cerca de sete mil casos no ano passado. Também apresentam números elevados os municípios do entorno de Manaus, pelo fluxo grande de pessoas, e os do Sul do Amazonas, principalmente Canutama, Humaitá, Lábrea e Manicoré, onde houve acréscimo acima de 100% no número de casos na área rural. Outra preocupação, segundo Evandro, são as áreas indígenas, principalmente nas fronteiras, onde também já há registros de malária. “Por isso estão participando deste evento representantes dos sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas”, disse.
Evandro Melo ressaltou que o Estado, mesmo tendo muitos casos de malária é o que menos interna pacientes e o que registra o menor índice de óbitos pela doença. “A Organização Mundial de Saúde diz que é aceitável ter entre 1% e 2% de óbitos por malária. Temos 0,06%, o que significa de 3 a 4 mortes por ano”. Segundo o diretor, o resultado se deve à capacitação técnica e à estrutura para o diagnóstico e tratamento precoces. São 684 laboratórios em todo o Estado e 1,5 mil agentes exclusivos para as ações de controle da doença e combate ao vetor.
Para intensificar o combate no interior, a Fundação acaba de criar um grupo técnico composto por 12 agentes para visitas regulares a todas às calhas de rio, com prioridade para as calhas do Juruá, Negro e Purus.