Susam incentiva atividade das parteiras tradicionais do AM
Os municípios do interior do Amazonas ainda preservam uma antiga tradição: os partos são assistidos por parteiras da própria comunidade e mesmo nas localidades onde o acesso aos centros de saúde é rápido, as parteiras continuam sendo chamadas para realizar o parto em casa.
O projeto “Parteiras Tradicionais do Amazonas”, que será encaminhado para aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) deverá complementar o programa de capacitação de parteiras iniciado no ano passado, onde médicos e enfermeiros procuram aliar o conhecimento das parteiras tradicionais com práticas da medicina moderna, a fim de garantir qualidade e segurança ao parto realizado em casa.
A Susam também está realizando o cadastramento das parteiras que atuam nos 61 municípios amazonenses, para obter o perfil destas profissionais populares e os indicativos de quantidade e localidade das parteiras.
Estima-se que hoje existam mais de 60 mil parteiras em atividade em todo o Brasil, sendo que a grande maioria está concentrada nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As parteiras são responsáveis por mais de 40% dos partos realizados nas zonas rurais. Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano no Brasil, são realizados 450 mil partos fora dos hospitais. Em geral, as parteiras têm pouco estudo – cerca de 85% delas não sabem ler nem escrever.
A secretária estadual de Saúde, Leny Passos, ressalta que o órgão deverá concluir o levantamento para então dar início ao projeto Parteiras Tradicionais do Amazonas. “Melhorando a qualidade da assistência ao parto domiciliar, nos municípios, realizando capacitação continuada, supervisão e análise dos trabalhos das parteiras, inclusive as indígenas, estaremos diminuindo a morbidade e mortalidade materna”, explica Leny.
Susam já treinou 145 parteiras
Para acrescentar ao conhecimento popular informações importantes que garantam maior segurança a mães e bebês durante o parto realizado fora dos hospitais, a Susam já capacitou 145 parteiras de sete municípios do interior do Estado – Iranduba, Tefé, Uarini, Maraã, Alvarães, Japurá e Barreirinha. A ação faz parte do Programa Estadual de Saúde da Mulher e vem sendo realizada desde o ano passado em parceria com o Ministério da Saúde. Neste ano, os treinamentos serão realizados no segundo semestre. A meta da Secretaria é atingir os 61 municípios do Amazonas.
Durante as aulas, que são ministradas no próprio município, com a participação de profissionais da Susam e da Coordenação Nacional da Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, as parteiras recebem todas as orientações técnicas necessárias para a realização de partos seguros, evitando casos de tétano e mortalidade neonatal. Elas também aprendem sobre a importância do pré-natal e são orientadas a incentivar as gestantes a procurar acompanhamento médico no início da gravidez. “Este é um trabalho de capacitação e também de sensibilização das parteiras”, explica a secretária de saúde Leny Passos, ressaltando que no interior do Estado essas pessoas contam com a confiança da população e normalmente atendem suas recomendações.
Durante os treinamentos, os profissionais de saúde dos municípios também recebem treinamento para atuar no acompanhamento e avaliação dos partos. “Estamos buscando maior integração entre o serviço oficial de saúde e as pessoas da comunidade que desenvolvem trabalhos importantes na área”, diz Leny Passos. Os profissionais da saúde devem dar suporte, sempre que necessário, na hora do parto, podendo ser acionados a qualquer hora, caso a parteira tenha dúvidas ou enfrente complicações no nascimento do bebê.
Para auxiliar o trabalho após o treinamento, as parteiras recebem um kit com equipamentos necessários ao parto e à sua higiene pessoal. O kit inclui tesourinha de unha, tesoura para cortar o cordão umbilical, suporte para acomodar o bebê após o nascimento, bacia e uma série de outros itens, muitas vezes indisponíveis nas casas das gestantes. Além disso, é entregue, no final do treinamento, o Livro da Parteira, elaborado pelo Ministério da Saúde, mostrando como se faz um parto de maneira adequada. A obra é ilustrada e pode ser compreendida inclusive por quem não souber ler os pequenos textos explicativos.