Susam investiga assistência em maternidades
Valéira Soares estava se dirigindo para a maternidade Ana Braga quando deu à luz. De acordo com registros da unidade, os médicos obstetras que estavam de plantão na maternidade foram chamados para prestar atendimento de urgência no próprio veículo, mas o bebê foi encontrado sem vida. Segundo Valéria, ela esteve inicialmente na maternidade Balbina Mestrinho, zona Sul, de onde saiu sem aguardar atendimento médico.
Valéria contou que o nascimento de seu filho estava previsto apenas para o final deste mês. No entanto, a bolsa rompeu na madrugada de domingo, antecipando as dores e o trabalho de parto. Ela relata que foi à maternidade Balbina Mestrinho, mas preferiu não aguardar o atendimento médico porque uma funcionária teria informado que naquele momento não havia leitos disponíveis na unidade. “Como estava com dores, preferi não esperar e ir logo para outra maternidade”, disse.
Em um carro da família, Valéria foi para a Ana Braga, entrando em trabalho de parto antes de chegar ao local. No estacionamento, foi assistida por dois obstetras, mas de acordo com o prontuário médico da maternidade a criança já estava morta. A mãe foi internada e recebeu alta ontem (08) pela manhã. “Prestamos assistência imediatamente, mas infelizmente o bebê não apresentava nenhum sinal vital após o parto”, lamenta o diretor da unidade, Agnaldo Costa. Ele diz que o bebê ainda foi levado para o setor específico da maternidade onde são atendidos os bebês que nascem em situações inesperadas. “Não havia nada mais a fazer”.
O esposo de Valéria, Wellington Oliveira, agradeceu o atendimento prestado pela maternidade Ana Braga. “Foi rápido e a equipe foi muito atenciosa”, garantiu.
A secretária adjunta de Assistência à Saúde da capital da Susam, Alba Montarroyos, que esteve ontem na maternidade Ana Braga, explicou que as maternidades não liberam as mães que chegam em período expulsivo, nem mesmo se a unidade estiver com todos os leitos ocupados. “A conduta adequada para a maternidade é informar que o exame médico precisa ser feito e a da parturiente é aguardar pela liberação médica ou pela intervenção imediata”.
Sobre a distribuição de leitos em Manaus, Alba diz que o Governo do Estado ampliou a capacidade de atendimento da rede com a recente inauguração de duas maternidades, a Ana Braga e a Azilda Marreiro, na zona Norte. Juntas, as duas ofereceram 130 novos leitos de alojamento conjunto, além de 28 leitos de UTI e UCI neonatal. Atualmente a rede é formada por 434 leitos próprios e conveniados, sendo que os 31 leitos da maternidade Alvorada encontram-se em reforma, no momento. “A meta da Susam é chegar aos 438 leitos estabelecidos como padrão pelo Ministério da Saúde, e estamos bem perto disso”, destaca Alba.
De acordo com as estatísticas da Susam, nasceram em Manaus, até o mês de outubro, 24 mil bebês. Segundo o diretor Agnaldo Costa, somente a maternidade Ana Braga realiza em média 30 partos por dia. No mês de outubro houve 719 nascimentos, entre partos normais e cesáreos e mais de 200 curetagens, procedimento necessário após o aborto espontâneo ou provocado. Agnaldo destaca que a Ana Braga é considerada pelo Ministério da Saúde como uma das mais bem equipadas do Brasil e conta com 20 leitos de UTI e UCI pediátrica, 90 leitos de alojamento conjunto, 16 leitos de albergue (para mães que aguardam alta dos filhos internados, além das áreas de admissão, pré-parto e quatro salas de parto.
Alba Montarroyos afirma que a morte do bebê no trajeto entre duas maternidades foi um fato isolado e que o Estado tem feito tudo o que é possível para ampliar o acesso à atenção materno-infantil não só com novos leitos, mas com atendimento humanizado e de qualidade.