Susam registra queda de cerca 50% nos casos de malária

Nos 20 municípios, incluindo Manaus, que respondem por mais de 90% do total de casos notificados no Estado, a queda neste período foi de 34%. A redução se deve, na avaliação da secretária estadual de saúde, Leny Passos, ao incremento das ações de campo na capital e à aplicação de planos operacionais elaborados especificamente para o interior do Estado, em parceria com o Ministério da Saúde e secretarias municipais. Os planos estão sendo aplicados desde o mês de maio nos 19 municípios que fazem parte do grupo de locais prioritários para o controle da doença.

Em Manaus, dentre as medidas de maior impacto, está a limpeza de córregos e igarapés localizados nas áreas consideradas de risco elevado para a doença. Em parceria com Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp), a Susam vem promovendo a limpeza, desassoreamento e correção de margens em coleções de águas na zona Leste e Norte. O trabalho começou em agosto e será mantido como medida de controle da proliferação do mosquito transmissor. Segundo Leny,a ação complementa o trabalho de termonebulização e borrifação intradomiciliar, ambas utilizadas para eliminar o vetor. “As demais medidas de controle vem sendo mantidas, assim como as parcerias com diversos órgãos como o Exército e o Inpa que auxiliam o Governo do Estado no trabalho de campo e em pesquisas”.

Na capital, em agosto deste ano houve redução de 3,9 mil ocorrências de malária em relação às notificações do mesmo mês, em 2003, quando foram registrados 7,8 mil casos. Em todo o Estado, foram 11,7 mil casos neste ano, seis mil a menos do que no ano passado.

As projeções para setembro também são positivas. Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica (Sivep/Susam), mostram que até o dia 26 deste mês foram notificados no Amazonas 5,8 mil casos de malária, metade do que foi notificado em setembro do ano passado. As estatísticas serão concluídas no próximo dia 11 de outubro, mas indicam que em Manaus a queda pode chegar a 45% em relação a agosto deste ano. No Amazonas os números podem cair 50%, mantendo a tendência de queda iniciada no mês de abril.

O diretor de Vigilância em Saúde, Evandro Melo, destaca que a redução da malária está ocorrendo justamente nos meses em que a doença tende a subir. “Pela primeira vez, estamos evitando a sazonalidade”. Ele destaca as parcerias com órgãos ambientais, de saúde e educação para a redução dos casos em Manaus e também a colaboração da população. Para mantermos o controle da doença, é importante que cada cidadão ajude a manter limpas as fontes de água, procure diagnóstico assim que surgirem os sintomas e, principalmente, faça o tratamento completo.

No interior, Evandro assegura que os planos operacionais tiveram resultados efetivos porque consideraram as características e necessidades de cada local. Segundo ele, no geral, os planos priorizaram a reestruturação dos serviços de busca ativa, a oferta precoce de tratamento, as ações de educação em saúde, a capacitação de auxiliares de entomologia para o controle do vetor e também a inserção dos agentes de saúde na busca ativa de casos, complementando o trabalho já realizado pelos agentes de endemias. O diretor diz que, avaliando os municípios individualmente, apenas três dos 20 considerados prioritários (Canutama, Careiro Castanho e Guajará) não apresentaram queda em setembro deste ano. “Para estes estamos intensificando o apoio às prefeituras e o trabalho de monitoramento das ações”.

CONTROLE DE INVASÕES E PREVENÇÃO NO INTERIOR

Para 2005 o foco da Susam será o acompanhamento da expansão da população que busca moradia em áreas cada vez mais próximas da floresta, habitat natural do vetor da malária. “Este controle deve ser feito em parceria com outros órgãos, para que seja avaliado o impacto ambiental e definidas medidas antes que a doença comece a se proliferar”, diz a secretária Leny Passos. Segundo ela, os maiores focos de transmissão da doença estão nas invasões.

De acordo com Leny, também será realizado um trabalho intenso na área de construção do gasoduto Coari-Manaus. O plano do governo do Estado, desenvolvido em parceria com a Petrobrás, vai contemplar cerca de 3,5 mil trabalhares e toda a população da área de impacto. Segundo ela, o local já está sendo mapeado e as obrigações da empreiteira com relação à saúde estarão formalizadas no contrato. Além da malária, as medidas visam a prevenção da leishmaniose e da febre amarela, também transmitidas por mosquitos silvestres.

Outra ação, segundo a secretária, para otimizar o controle da malária no interior, está sendo a descentralizando para os estados do Acre e Rondônia das ações no sul de Lábrea e em Canutama, pela facilidade de acesso aos municípios, localizados na divisa com os dois estados. “Estamos abrindo mão de parte dos recursos para que as equipes de Porto Velho e Acrelândia passem a atuar nas duas localidades”.

Municípios que concentram mais de 90% da malária no Amazonas
Atalaia do Norte, Autazes, Barcelos, Boca do Acre, Canutama, Careiro Castanho, Coari, Guajará, Humaitá, Iranduba, Itacoatiara, Lábrea, Manacapuru, Manaus, Novo Airão, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Gabriel da Cachoeira, Tefé e Tapauá.

NOVAS AÇÕES DE CONTROLE DA MALÁRIA
– Descentralização do diagnóstico. Atualmente existem 92 postos exclusivos para o diagnóstico e oferta de tratamento, além de todos os centros de saúde
– Contratação de oito enfermeiros e 270 agentes comunitários de saúde para áreas não cobertas pelo Programa Médico da Família, somando-se aos 1 mil profissionais do PMF, já engajados do Programa de Malária e aos 560 agentes de endemias
– Contratação de 60 técnicos para manejo ambiental nas zonas Leste, Oeste e Norte
– Elaboração e aplicação de planos operacionais para os municípios do interior, mesmo os certificados em Controle e Epidemiologia de Doenças
– Visitas in loco, sistemáticas, para acompanhamento das ações

INVESTIMENTOS NO PROGRAMA DE CONTROLE DA MALÁRIA
R$ 25 milhões/ano (R$ 19 milhões são recursos federais e R$ 6 milhões, estaduais)

Áreas de Risco em Manaus
– Tarumã
– Santa Etelvina
– AM 010 – União da Vitória
– BR 174, até o KM 40
– Brasileirinho
– Puraquequara

COMO A MALÁRIA SE MANIFESTA
No período de uma a três semanas após a picada do mosquito Anopheles darlingi contaminado pelo protozoário plasmodium (agente causador da malária), a pessoa pode apresentar:
– Febre
– Frio
– Dor de Cabeça

Se a pessoa reside ou esteve em áreas de risco nos últimos 20 dias e apresentar febre, deve imediatamente procurar um dos postos de diagnóstico de malária, distribuídos por toda a cidade.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO
Por meio do exame de uma gota de sangue, retirada por punção (furadinha) em um dos dedos das mãos.
– A lâmina com o sangue passa por um processo de secagem e coloração e vai para o microscópio onde o parasito da malária é identificado (ou não). Em caso positivo, é classificado como Vivax ou Falciparum. Dos casos atuais, 96% são de malária Vivax (forma benigna) e 6% de malária Falciparum (forma mais grave).
– Após o diagnóstico, que dura em média de 30 a 60 minutos, todas as pessoas com exame positivo recebem gratuitamente, no próprio local de diagnóstico, os medicamentos necessários ao tratamento.

COMO A POPULAÇÃO PODE COLABORAR E SE PROTEGER
– Não causando obstrução no curso d’água dos igarapés. É nesses ambientes – água parada, limpa e sombreada – que os mosquitos transmissores da malária se reproduzem.
– Evitando se expor em áreas próximas de floresta, rios e igarapés no período que vai das 16h30 até o amanhecer do dia seguinte.
– Telando as residências, se possível.
– Facilitando as ações dos agentes de combate à malária, principalmente com relação ao fumacê.
– Procurando diagnóstico imediatamente após o aparecimento dos sintomas (febre, frio e dor de cabeça)
– Jamais abandonando o tratamento

COMO O MOSQUITO VIVE E SE REPRODUZ
– O Anopheles darlingi utiliza água limpa das margens de rios e igarapés para depositar os ovos que vão gerar novos mosquitos. Em média são depositados de 50 a 200 ovos.
– Os mosquitos adultos vivem na floresta
– No entardecer e durante a noite saem para se alimentar de sangue humano. É nesse momento – entre as 17h30 e 21h – que os agentes realizam o fumacê (aplicação de inseticida, formando uma cortina que age por aproximadamente 2 horas, matando os mosquitos adultos). A aplicação é feita durante 3 dias consecutivos e repetida após 1 semana.

COMO SE DÁ A TRANSMISSÃO DA DOENÇA
– O mosquito Anopheles darlingi se contamina com o plamosdium causador da malária após sugar o sangue de uma pessoa infectada.
– Ao picar outro indivíduo transmite o agente infectante. Se o mosquito não estiver contaminado, não transmite a malária.